Our Human Tapestry

The most moving and important testimonials about learning and school culture also come from parents, whose voices are critical to our collective partnership in support of student development. To complement last week’s post, Our Obligation, which focused on inclusion from a student’s perspective, this post shares a poignant parent reflection on the same theme.

Alex Ellis is currently serving as the British Ambassador to Brazil. Following his son Thomás’ recent graduation from the American School of Brasilia, Ambassador Ellis published the following reflections, which focus on the culture of learning and inclusion in schools.


Tomás Finished School Last Saturday

There are parents all over the northern hemisphere who in these weeks have watched or will watch their child go through this ritual, in many different forms, in the case of our son through a flick of a tassel. Each family has its own memories and stories, both similar to those of others and peculiar to themselves.

Our story includes a moment, at an earlier time, spent in a still, grey room, with sensible Flemish doctors telling us in sensible, Flemish English that our son is on the autistic spectrum. There’s no number to confirm this, no blood test. It’s the product of observation and judgment, and that knot of anxiety which has sat inside our stomachs from when Tomas’ first kindergarten teacher wondered if he might be a bit different, the apparent difficulty in hearing (tested, unproven), his slightly awkward walk, his focus on a few toys but not his classmates.

Before he was diagnosed Tomás passed through a series of small schools, mainly with the help of kind teachers, next to whom he was often standing. The diagnosis came after, at very short notice, we had moved from warm, fun Madrid back to Brussels. He plunged into a large school which quickly declared him “ineducable”. It doesn’t sound much nicer when you hear it in French. Which I did, twice, for bureaucratic reasons which were legally impeccable, financially advantageous and inhuman.

I wondered, when Tomas was diagnosed, what would happen next. “Tomorrow” is the best answer. He hadn’t changed and we hadn’t changed. We fell, and then got up. Tomas carried on, much happier at a school that took him, rather than rejected him, for who he is. The labels — Asperger’s, on the autistic spectrum, he’s quite bright but different etc — helped in the first interaction with schools. They were ready to adjust before he walked in.

Tomas got from there to here, 11 years later, because of some things he was born with; confidence, a sense of humour and a good heart. Lots of other children have those characteristics, autistic or not. Tomas had a lot of help as well. Help in the form of classroom support, and crucially from teachers who “got” him. Who saw him as different, not special, as a person, albeit in teenage form, rather than a syndrome.

This, we learnt, starts at the top. Schools are no different from any other organisation in the importance of the leader in determining and living its values. We had luck, and a bit of choice, in the two schools where Tomas spent the best part of a decade. Both heads thought that a school would gain more than lose from a boy like Tomas in it, that this was part of the world of difference in which pupils should learn. Almost without exception the pupils shared this attitude. On a rare occasion when a classmate tried to bully him, his confidence and humour dealt pretty comfortably with it.

The head teacher at the ambitious, academic school where Tomas stayed longest told me, after chatting with him, that he would take him into the school, but there would be some who wouldn’t be so keen to have him there. So it proved. Some teachers welcomed him, some wanted him out of their class. This wasn’t determined by Tomas’ abilities, but by the teacher’s confidence. Over time some teachers excluded him from classes in which he was relatively strong, whilst others kept with him in subjects (maths) in which threats, tears and bribes could not move him — I know, having tried, and failed, with all three. As exams loomed bigger, some teachers, and in rare cases some other parents, wanted Tomas out of the class for fear that he might undermine the grades of other pupils. In such situations the real values of a school become apparent.

Tomas is not easy to teach. Like a lot of kids on the autistic spectrum, he’s pretty autodidactic (and I should thank The Simpsons, Futurama and Cartoon Network for their significant contribution to his education). And he tells it as he sees it, which can be uncomfortable. The new music teacher in one school, fresh from university, might have hoped for a different opening to his career than Tomas asking to see his qualifications.

But the good teachers, and there were a lot of them, got past this or better still embraced this as part of what Tomas brought to the classroom, to the school — and also knew that the second is a lot ore than just the first. Last week, after Tomás stepped up to get an arts prize, to his father’s bursting pride and his own mild indifference, a teacher referred to the support for him from “the school community”. She was quite right. It did, for our son, take just that community to help get him through his education.

So this one goes out, yes, to the son I love. But it also goes out to every member of those school communities, teachers, administrators, security guards, classroom helpers, who saw in Tomas not a potential spoiler of grade averages or a “special” pupil to be kept in a “special” place but rather saw him for what he was — another flavour in the very wide variety that is the human race.

Link to Original Post: Tomás Finished School Last Saturday


Versão português:

Nossa Tapeçaria Humana

Os depoimentos mais emocionantes e importantes sobre a aprendizagem e cultura escolar também vêm dos pais, cujas vozes são fundamentais para a nossa parceria em prol do desenvolvimento do aluno. Complementando a postagem da semana passada, A Nossa Obrigação, cujo foco foi a inclusão de acordo com a perspectiva de cada aluno, a publicação abaixo compartilha a reflexão comovente de um pai sobre o mesmo tema. Alex Ellis está servindo atualmente como Embaixador Britânico no Brasil. Logo após a formatura do seu filho Thomas, na Escola Americana de Brasília, o Embaixador Ellis publicou a seguinte reflexão, que incide sobre a cultura de aprendizagem e inclusão nas escolas.


Tomás terminou a escola no último Sábado

Nessas últimas semanas, pais em todo o hemisfério norte foram ou vão assistir seus filhos passarem por esse ritual, de formatura, nas mais diversas formas; como no caso do nosso filho Tomás que passou a corda do capelo do lado direito para o lado esquerdo. Cada família tem suas próprias memórias e histórias, algumas semelhantes entre si — e outras completamente particulares.

Nossa história inclui um momento vivido alguns anos atrás, em uma sala ainda cinzenta, com sensíveis médicos da região belga dos Flandres nos dizendo, também de forma sensível, que nosso filho possuía um diagnóstico de espectro autista. Não há nenhum número para confirmar isso; nenhum exame de sangue. Essa conclusão é o produto único de observação e julgamento. É resultado daquele nó de ansiedade que tomou conta de nós, eu e minha esposa, quando a primeira professora de Tomás, no jardim de infância, nos chamou na escola e nos perguntou se ele era um pouco diferente; desde sua aparente dificuldade de audição (testada e não comprovada); ao caminhar um pouco desajeitado e o foco em alguns brinquedos, mas não seus colegas.

Antes de ser diagnosticado, Tomás passou por uma série de pequenas escolas, sempre com a ajuda de professores amáveis, dos quais ele quase sempre permanecia por perto. A comprovação veio logo depois que nos mudamos da quente e divertida Madrid de volta à Bruxelas, na Bélgica. Ali, Tomás foi matriculado em uma escola maior, que rapidamente o declarou como “ineducável”. Uma frase que não soa muito mais agradável quando você a escuta em francês.

Eu me perguntava, assim que ele foi diagnosticado, o que aconteceria em seguida. E o “amanhã” é a melhor resposta. Meu filho, assim como nós, não tinha mudado. Nós caímos, mas então nos levantamos. Tomás seguiu em frente, muito mais feliz em uma escola que o acolheu ao invés de rejeitá-lo por ser quem ele é. Os rótulos — Asperger, com espectro autista, “muito brilhante, mas diferente”… — ajudaram em sua primeira interação com as novas escolas. Elas estavam prontas a se adaptarem antes da nossa chegada.

Nesses últimos 11 anos, como fruto de várias características de sua natureza, Tomás adquiriu confiança, um excelente senso de humor e um bom coração.

Várias outras crianças também são assim — autistas ou não. Tomas também recebeu muita ajuda. Ajuda em forma de suporte com as atividades em sala de aula e, crucialmente, de professores que o conquistaram. Professores que o enxergaram como diferente, e não especial; como uma pessoa, ainda que adolescente, ao invés de uma síndrome.

Nós aprendemos algo desde o começo: escolas não são diferentes de qualquer outra organização no que se refere à importância de um líder que determine e estimule determinados valores. Tivemos sorte, e um pouco de escolha, com as duas escolas onde Tomás passou a maior da última década.Ambas as partes acreditaram que a escola iria ganhar mais do que perder recebendo um garoto como ele, parte de um mundo de diferenças que todos os demais alunos deveriam aprender. Quase sem exceção, todos os demais alunos compartilharam essa atitude. E na rara ocasião em que um colega tentou intimidá-lo, a confiança e o bom humor de Tomás lidaram confortavelmente com a situação.

O diretor da escola em que Tomás ficou a maior parte de sua trajetória me disse, depois de conversar com ele, que iria matriculá-lo, mas confessou que haveria algumas pessoas ali pouco ansiosas com a sua chegada. E assim foi. Alguns professores o acolheram, alguns o queriam fora de sala. Isso não foi determinado pela capacidade de Tomás, mas pela confiança de cada um dos professores. Ao longo do tempo, alguns professores o excluíram de aulas nas quais ele era relativamente habilidoso, enquanto outros continuaram com ele em disciplinas (matemática, por exemplo) em que as ameaças, as lágrimas e os subornos não conseguiam movê-lo. A medida que os exames foram aumentando, alguns professores e, em raros casos, alguns pais, queriam Tomás fora da classe — era o medo de que ele minasse os resultados dos demais estudantes. Nesses momentos, os reais valores de uma escola se fizeram presentes.

Tomas não é fácil de ensinar. Como um monte de crianças com espectro autista, ele é muito autodidata (e eu deveria agradecer Os Simpsons, Futurama e Cartoon Network por sua contribuição significativa para a sua educação). E ele diz as coisas exatamente com as vê, o que às vezes pode ser desconfortável. O novo professor de música, recém saído da universidade, talvez esperasse um início diferente para sua carreira: com certeza ele não esperava que Tomás pedisse para ver suas qualificações. Mas os bons professores, e havia um monte deles, apenas superaram essas dificuldades ou, melhor ainda, as abraçaram como parte do que Tomás trouxe para a sala de aula e a escola. Eles entenderam que os ganhos eram maiores que todos os desafios.

Na última semana, depois de Tomás ganhar um prêmio de artes, para o orgulho do pai e para sua própria indiferença, uma professora mencionou o suporte oferecido a Tomás por toda a “comunidade escolar”. Ela estava certa. Eles fizeram muito pelo nosso filho e se engajaram no desafio de ajudá-lo no caminho pela educação.

Então, sim, este texto vai para o filho que eu amo. Mas também vai para cada membro daquelas comunidades escolares, professores, administradores, seguranças e auxiliares que viram no Tomás não somente um potencial de notas medianas ou um aluno “especial” para ser mantido em um lugar “especial”, mas sim pelo que ele era — um outro sabor na variedade muito ampla que é a raça humana.

Link para publicação original: Tomás Finished School Last Saturday


Featured image: cc licensed (CC BY 2.0) flickr photo by James Cridland: Crowd  https://www.flickr.com/photos/leecullivan/240389468/

 

Our Obligation

It was one of those emails that catch your attention. Mauricio, then a fifteen-year-old student in a Brazilian school, sent an elegantly worded statement about how he taught himself English so that he could realize his dream of attending a university in the United States. Mauricio had been studying our website and, as he believed our school’s values were aligned with his, was determined to join our learning community. What I did not know at the time was that Mauricio was going to forever change our community’s perspectives on learning and our understanding of the world around us.

Mauricio’s application for admission to our high school was the first we had received from a blind student. While Mauricio did not seem to be concerned that his blindness would limit his learning, a reflection of his indomitable spirit that I quickly learned to admire and appreciate, our faculty did raise several valid questions and concerns.

The consideration of Mauricio’s application was framed and guided by a mission and set of beliefs that highlighted diversity and different learning styles as essential values. Through dialogue, learning, and understanding, the high school faculty committed to admitting Mauricio and providing him with the best educational program within our capabilities. Mauricio also supported us through this learning process and was always quick to remind us not to think of him as a blind person, but rather a person who happened to be blind.

During one of our admissions meetings, I welcomed Mauricio to my office with the greeting, “It is great to see you…” but cut myself off as I realized the insensitivity of my words. Mauricio smiled warmly and replied in a manner that conveyed wisdom beyond his years, “It is also great to see you.” While it was a seemingly minor moment of learning, it was also emblematic of our own collective growth. I humbly shared with Mauricio how it was likely that we were going to learn far more from him than he would learn from us. And, this was in fact the case. Four years later, Mauricio graduated from Graded, the school where I previously worked, and he realized his dream of attending and graduating from a top university in the United States. It was also during this time that we grew the most as professionals and as a community.

While Mauricio was a student at Graded, we had the honor of hosting two very special people, Bill and Ochan Powell, who conveyed a similar spirit of promise and a unique ability to instill an intrinsic commitment in others to be the best professionals and people they can be. Bill and Ochan scheduled time after their professional learning facilitation to interview Mauricio as part of their work associated with inclusive schools. I remember clearly how our faculty and I beamed with pride and a sense of purpose when Bill and Ochan highlighted and congratulated the team for their work with Mauricio and their efforts to ensure Graded was offering a highly functioning inclusive learning program.

The following two videos present clips from Bill and Ochan’s work with Mauricio.

Interview with Bill and Ochan:

Learning in a Science Classroom:

The videos highlight Bill’s talents and concern for others and, correspondingly, one of the many reasons why there has been such an extraordinary outpouring of sorrow, love, and admiration from around the world to the tragic news of Bill Powell’s sudden passing. Bill was a remarkable individual whose impressive professional capabilities were complemented with a warm heart and deeply caring nature.

A recent exchange of emails with Mauricio highlighted the difference Bill’s vision and unwavering commitment to student learning and inclusion can make in a student’s life. The following is an extract from Mauricio’s note to me this week:

Needless to say, if it were not for my inclusion at Graded and before, I would not be where I am today. I have worked at internationally recognized corporations, attended top educational institutions abroad, learned the importance of adaptation and persistence, and demonstrated to others that blindness does not define ones capabilities.

It all began with education – an education that was inclusive, grounded, and rigorous. It all began with teachers and administrators who believed in my potential, and who required of me the same as was required of any other student. If one has education one still faces challenges, the difference being that without it we have no solution. Blind people must be able to make any choice they wish for their future, with blindness being only a circumstance and physical characteristic. As the Olympics are held in Brazil, so will the Paralympics. We apply the inspiration and values from all athletes into our lives as much as possible so that we may continue fighting for opportunity for all people.

The message of six years ago still stands: people must ask questions, so that their doubts may be resolved. On the other hand, those with disabilities must believe in themselves, strive for their best, and not for what seems comfortable, and never be let down by expectations by others. Others may not know our full potential, but I find that most people will be allies if we help them help us. And, schools cannot do it alone – families must understand that disabilities shall never define where one wishes to go.

~ Mauricio

I am deeply grateful to Mauricio and Bill and Ochan Powell for the real difference they have made in our lives. Looking ahead, we hope to honor Bill’s significant contributions to the field of education and his dedication to the lives of others by ensuring a collective commitment to furthering his vision of inclusive schools where diversity, difference, and all learning styles are valued within the context of a plurality of thought and perspectives. Next Frontier Inclusion’s mission must also be our own: “to promote and protect the interests of children who learn in different ways or at different rates.” This is our moral obligation to Mauricio and all of the students, families, and communities we have the privilege of working with at our schools.


Uma Obrigação Moral

Foi um daqueles e-mails que chamam a sua atenção. Mauricio, estudante de uma escola brasileira, quinze anos de idade, enviou um comunicado elegante sobre como ele aprendeu inglês sozinho para que pudesse realizar seu sonho de ir para uma universidade nos Estados Unidos. Maurício estudou nosso website e como ele acreditava que os nossos valores se alinhavam aos dele, ele estava determinado a se juntar à nossa comunidade. O que eu não sabia na época é que Maurício iria mudar para sempre as perspectivas de aprendizado da nossa comunidade e o entendimento do mundo ao nosso redor.

A solicitação de matrícula do Maurício para o ensino médio foi a primeira que recebemos de um aluno cego. Apesar do Maurício não parecer preocupado com o fato de ser cego, uma característica do seu espírito indomável que eu aprendi a admirar e apreciar, nosso corpo docente levantou muitas questões e preocupações válidas.

A possibilidade da matrícula do Maurício foi moldada e guiada pela missão e uma série de valores que destacaram a diversidade e os diferentes estilos de aprendizagem, como valores essenciais. Através do diálogo, aprendizagem e compreensão, o corpo docente do ensino médio se comprometeu em aceitar o Maurício e dar a ele o melhor programa educacional, dentro das nossas capacidades. Maurício também nos apoiou neste processo de aprendizagem, sempre rápido em nos lembrar de que não deveríamos pensar nele como uma pessoa cega, mas sim como uma pessoa que ficou cega.

Durante uma das nossas reuniões de admissão, eu o convidei à minha sala e disse: “É ótimo ver você…”, e parei ao perceber a insensibilidade das minhas palavras. Maurício sorriu calorosamente e respondeu de uma forma que mostrou a sua maturidade, apesar da idade: “Também é muito bom vê-lo”. Embora, aparentemente, fosse uma pequena lição, também foi um momento emblemático no nosso crescimento de forma coletiva. Eu, de forma humilde, disse ao Maurício que a probabilidade de aprendermos muito mais com ele era bem maior do que a dele de aprender conosco. E isso aconteceu de fato. Quatro anos depois, Maurício se formou na Graded, escola onde eu trabalhei antes, e realizou o seu sonho de estudar e se formar em uma universidade dos Estados Unidos. Foi nessa época que tivemos a oportunidade de crescer como profissionais e como comunidade.

Durante a época que o Maurício foi aluno da Graded, nós tivemos a honra de receber duas pessoas muito especiais, Bill e Ochan Powell, que transmitiram um espírito de promessa e uma capacidade única de incutir um compromisso intrínseco de sermos as melhores pessoas e profissionais possíveis. Após suas reuniões eles agendaram um horário para entrevistar o Maurício, como parte do trabalho associado com escolas inclusivas. Lembro-me claramente como o nosso corpo docente e eu estávamos cheios de orgulho e propósito quando Bill e Ochan destacaram e parabenizaram o nosso time pelo o trabalho feito com o Maurício e o seu esforço para garantir que a Graded estivesse oferecendo um programa de aprendizagem inclusiva altamente funcional.

Os dois vídeos abaixo mostram o trabalho de Bill e Ochan com o Maurício.

Entrevista com Bill e Ochan

Aprendendo na sala de Ciências

Os vídeos destacam os talentos e a preocupação de Bill com os outros e, consequentemente, foi uma das maiores razões pela onda de sentimentos de tristeza, amor e admiração do mundo todo sobre a trágica notícia da passagem repentina de Bill Powell. Bill era um indivíduo notável e sua impressionante capacidade profissional foi complementada com um grande e caloroso coração, além de uma natureza protetora.

Uma recente troca de emails com Maurício destacou a diferença que a visão e o compromisso inabalável de Bill com a aprendizagem e inclusão pode fazer na vida de um aluno.

Abaixo, segue uma parte da conversa do Maurício comigo essa semana:

Nem preciso dizer que se não fosse pela minha inclusão na Graded e antes disso, eu não estaria onde eu estou hoje. Eu tenho trabalhado em empresas reconhecidas internacionalmente, frequentei grandes instituições de ensino estrangeiras, aprendi a importância da adaptação e persistência e, mostrei aos outros que a cegueira não define a capacidade dos outros.

Tudo começou com a educação – uma educação que foi inclusiva, apoiada e rigorosa. Tudo começou com os professores e administradores que acreditaram no meu potencial e exigiram de mim o mesmo que era exigido de qualquer outro aluno. Se você recebe educação, você ainda enfrenta desafios, com a diferença de que sem ela não temos solução para os nossos desafios. Pessoas cegas devem ser capazes de fazer qualquer escolha que desejam para o seu futuro, com a cegueira sendo apenas uma circunstância e uma característica física. Assim como os jogos olímpicos estão acontecendo no Brasil, as paraolimpíadas também irão. Nós aplicamos o máximo possível a inspiração e os valores de todos os atletas em nossas vidas, para que possamos continuar a lutar por oportunidades para todos.

A mensagem de seis anos atrás, ainda é: as pessoas devem fazer perguntas, de modo que suas dúvidas possam ser respondidas. Por outro lado, as pessoas com deficiência devem acreditar em si, esforçar-se para dar o seu melhor e não para o que parece confortável, e nunca se colocar para baixo por expectativas dos outros. Os outros podem não saber o nosso potencial, mas eu acredito que a maioria das pessoas serão nossas aliadas, se nós as ajudarmos a nos ajudarem. E as escolas não podem fazer isso sozinhas – as famílias devem compreender que a deficiência não deve definir onde se quer ir.

~ Maurício

Eu estou profundamente agradecido ao Maurício, ao Bill e Ochan Powell pela diferença real que eles têm feito nas nossas vidas. Olhando para o futuro, esperamos honrar as contribuições significativas do Bill na área da educação e sua dedicação para com a vida de terceiros, assegurando um compromisso coletivo com a promoção da sua visão sobre escolas inclusivas, onde a diversidade, a diferença e todos os estilos de aprendizagem são avaliados dentro do contexto de uma pluralidade de pensamento e perspectivas. A missão do Next Frontier Inclusion, também deve ser a nossa: “promover e proteger o interesse de crianças que aprendem de formas diferentes ou em ritmos diferentes.” Essa é a nossa obrigação moral com o Maurício e com todos os alunos, famílias e comunidades que temos o privilégio de trabalhar em nossas escolas.


Featured image: cc licensed (CC BY-NC 2.0) flickr photo by lee: like a record…   https://www.flickr.com/photos/leecullivan/240389468/

Struggle & Triumph

“The most important thing is not to win but to take part, just as the most important thing in life is not the triumph but the struggle. The essential thing is not to have conquered but to have fought well.” ~ Olympic Creed

During this recent school break, I had the good fortune to spend time in Barcelona and made a point to visit the city’s track and field stadium, the site that hosted one of the most remarkable moments in Olympic history. During the 1992 summer Olympics, British athlete Derek Redmond was heavily favored to win the 400-meter event. While Redmond did not win a medal, it was his determination and courage that made his performance such an inspiration.

It was halfway through the 400 semifinal race when Redmond’s hamstring snapped and he fell to his knees in excruciating pain. After the other runners completed the race, the TV camera and the crowd return their attention to Redmond who somehow finds the strength to return to his feet and begin hopping down the track, determined to finish the race. It was at this moment that his father runs onto the track and tells Redmond that he does not need to finish the race. Redmond replies to his father, “Yes, I do.” His father replies stating that if Derrick was going to finish the race, then they were going to finish it together. The 65,000 spectators were on their feet cheering Derek and his father on with a deafening roar of support as they walked and hobbled forward and finally crossed the finish line.

Derek’s story embodies the spirit of the Olympic Creed and how the struggle in life is more important than the triumph. In this context, Yogi Berra’s words are apropos: Losing is a learning experience. It teaches you humility. It teaches to you to work harder. It’s also a powerful motivator.”  Michael Jordan has also famously spoken about how his failures have led to his success: “I’ve missed more than 9000 shots in my career. I’ve lost almost 300 games. 26 times, I’ve been trusted to take the game-winning shot and missed. I’ve failed over and over and over again in my life. And that is why I succeed.” It is through adversity, failure, and challenge that we grow the most and realize a deeper sense of the human spirit.  While Derek Redmond did not win the 400-meter gold medal, his performance in Barcelona is considered to be one of the greatest moments in Olympic history.

The lesson is that there is as much triumph in defeat as in victory, particularly when triumph is in the effort and effort is everything. Redmond also reminds us that no takes an odyssey alone. Whether it is a family member, coach, mentor, friend, or teacher, we have all had someone who has supported us in terms of our growth, development, and achievements. It is through these lenses that we can view the start of another school year and our work as a community of learners.

All of us at EAB, in our roles ranging from that of a teacher, student, and family member, are on an odyssey of growth and development. EAB’s mission statement – Learners inspiring learners to be inquisitive in life, principled in character, and bold in vision – highlights this belief. And, like Derek Redmond, no one is on this journey alone. It is our focus on relationships, the deep care for each other’s wellbeing, and a belief community, that contribute to making EAB such as special school and learning environment for our students.

The opening of the 27th modern summer Olympic games will be officially celebrated in Rio de Janeiro tonight and will represent an exciting focus during the coming weeks. The performance of the athletes will no doubt provide us with inspiration as we reflect on the relevance of the Olympic Creed in relation to our own context: “The most important thing is not to win but to take part, just as the most important thing in life is not the triumph but the struggle. The essential thing is not to have conquered but to have fought well.”


Esforço e Triunfo

“A coisa mais importante não é vencer, mas participar, assim como a coisa mais importante na vida não é o triunfo, mas o esforço. O essencial não é ter conquistado, mas ter lutado bem”. ~ Olympic Creed

Durante as últimas férias, eu tive a sorte de passar algum tempo em Barcelona e fiz questão de visitar o campo e a pista de atletismo no estádio da cidade, local que foi palco de um dos momentos mais marcantes da história olímpica. Durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1992, o atleta britânico Derek Redmond era o favorito para ganhar a prova de 400m. Apesar de Redmond não ter ganhado a medalha, foi a sua determinação e coragem que tornaram seu desempenho uma inspiração.

Foi no meio da semifinal de 400m que o tendão de Redmond rompeu e ele caiu de joelhos com uma dor excruciante. Depois que os demais atletas completaram a prova, as câmeras de televisão e o público voltaram sua atenção para Redmond, que de algulma forma encontrou forças para ficar em pé e começou a pular, determinado a terminar corrida. Foi nesse momento que seu pai entrou na pista e disse que ele não precisaria terminar a prova. Redmond respondeu: “Sim, eu preciso.” O seu pai respondeu que já que Derrick iria terminar a prova, eles iriam terminar juntos. Os 65.000 expectadores ficaram de pé torcendo por ele e seu pai com um rugido ensurdecedor, enquanto eles caminhavam e ele mancava até eles cruzarem a linha de chegada.

A história de Derek incorpora o espírito do credo olímpico e mostra como lutar torna-se mais importante do que o triufo. Neste contexto, as palavras de Yogi Berra são oportunas: “Perder é uma experiência de aprendizagem. Ela ensina a humildade. Ensina a dar duro. E é também uma motivação muito poderosa”. Michael Jordan também ficou famoso em falar sobre como os seus fracassos levaram ao seu sucesso: “Eu perdi mais de 9000 lances em minha carreira. Eu perdi quase 300 jogos. Por 26 vezes contaram comigo para o lance final e eu perdi. Eu falhei várias vezes na minha vida. E é por isso que eu consegui.” É através da adversidade, fracasso e dos desafios que nós crescemos mais e percebemos o sentido do espírito humano. Apesar de Derek Redmond não ter ganhado a medalha de ouro nos 400 metros, o seu desempenho em Barcelona foi considerado um dos melhores momentos na história das Olimpíadas.

A lição aqui é que há triunfo tanto na derrota quanto na vitória, particularmente quando o triunfo está no esforço e o esforço é tudo. Redmond também nos lembra que ninguém atravessa uma jornada sozinho. Quer seja um membro da família, um treinador, mentor, amigo ou professor, nós sempre tivemos alguém nos apoiando em nosso crescimento, desenvolvimento e realizações. É através dessas lentes que podemos ver o início de mais um ano escolar e nosso trabalho como uma comunidade de aprendizes.

Todos nós da EAB, em nossos papéis, que vão desde professor, aluno e membro da família, passamos por uma jornada de crescimento e desenvolvimento. A missão da EAB – Aprendizes inspirando aprendizes a serem questionadores na vida, firmes em seu caráter e com uma visão audaciosa – destaca essa crença. Como Derek Redmond, ninguém está sozinho nessa jornada. É o nosso foco em relacionamentos, o cuidado profundo com o bem-estar do outro e uma comunidade com um ideal, que contribuem para tornar a EAB uma escola e ambiente de aprendizagem especial para os nossos alunos.

A abertura do 27º Jogos Olímpicos será comemorada oficialmente, hoje, no Rio de Janeiro e vai representar algo emocionante durante as próximas semanas. O desempenho dos atletas, sem dúvida, nos inspira em como refletir sobre a relevância da crença olímpica em relação ao nosso próprio contexto: “A coisa mais importante não é vencer, mas participar, assim como a coisa mais importante na vida não é o triunfo, mas a luta. O essencial não é ter vencido, mas lutado bem”.

Barry Dequanne

Diretor Geral

Blog do Diretor Geral


Featured image: cc licensed (CC BY-NC 2.0) flickr photo by Geraint Rowland: Cristo Redentor https://www.flickr.com/photos/geezaweezer/23322487852/